O preparo extraordinário (e muitas vezes estranho) de Deus para seus escolhidos!
Quando olhamos para a forma como Deus prepara e treina Seus escolhidos, muitas vezes nos surpreendemos com as reviravoltas de suas histórias — e com o fato de que geralmente são justamente eles que mais sofrem e que precisam esperar por mais tempo até finalmente receberem a promessa pela qual tanto ansiavam.
Isso nos faz perguntar: por que precisa ser assim?
Não há uma resposta clara para isso, mas sabemos de uma coisa com absoluta certeza: sem esse método de treinamento surpreendente — e até contraditório aos nossos olhos meramente humanos — nenhum dos grandes homens de Deus teria se tornado quem se tornou.
A verdade é que somos imperfeitos e, por causa da nossa natureza humana, do nosso passado e das nossas fraquezas, seria impossível fazer qualquer bem sem a mão do Senhor nos preparando. Precisamos de transformação; precisamos ser treinados, preparados e disciplinados pelo próprio Deus. A boa notícia é que é o Senhor quem trabalha por nós e em nós, quem cuida de nós e nos guia por um caminho perfeito, forjando em nós o Seu caráter e nos capacitando para cumprir a missão que Ele nos entregou.
A maior prova disso está na História do Rei Davi!
O rei Davi é uma das figuras mais conhecidas da Bíblia — e com razão. Ele é, de fato, o personagem mais desenvolvido e complexo de todo o Antigo Testamento. A quantidade de páginas dedicadas à sua história (de 1 Samuel 16 até 1 Reis 2) supera a de qualquer outra pessoa na Bíblia, exceto Jesus (que tem quatro livros inteiros no Novo Testamento!).
A história das origens humildes de Davi e do extraordinário processo de treinamento que viveu passou a representar o modelo ideal de rei: um governante que não foi exaltado sobre Israel por expectativas ou padrões humanos, mas que foi elevado pela graça de Deus e por Sua surpreendente criatividade. Em uma disputa pelo título de melhor rei de Israel, Davi certamente venceria. Embora não fosse perfeito, foi um líder incrível e um homem impressionante.
No entanto, Deus o levou por um regime árduo para prepará-lo para ser rei. Não um rei qualquer, mas um rei digno de se tornar uma figura profética do Messias, um tipo de Cristo.
A espera: o campo de treinamento
Deus falou uma palavra por meio do profeta Samuel, declarando o destino de Davi. E então pareceu puxá-lo deliberadamente para longe desse objetivo. Uma grande tensão se formou enquanto o abismo entre a promessa declarada e a realidade aparente se tornava cada vez maior…
Leia novamente essas palavras e você verá que estou descrevendo um arqueiro, puxando sua flecha para trás, preparando-se para lançá-la mais longe, com mais força e mais impacto quando tocar o alvo.
Deus, o Mestre Arqueiro, havia definido o trono como o destino de Davi, mas puxou-o na direção oposta por anos. Em vez de banquetes, ouro e luxo, dignos de um rei, Davi sobrevivia no deserto com um bando de desajustados, chegando até a fingir loucura para salvar a própria pele. Em vez de honra e prestígio, era caçado como um animal.
Os Salmos nos dão uma janela para o sofrimento que ele enfrentou — as lágrimas que derramou e o desespero que sentiu.
Mas foi nesses tempos que ele aprendeu sobre a grande fidelidade e o imenso poder de Deus. Davi aprendeu a lidar com crises, amar inimigos, honrar autoridades, praticar justiça, agir com misericórdia e caminhar humildemente com Deus. Ele também aprendeu que era profundamente amado e guardado, e que estava completamente seguro nos braços de seu Pai Celestial. Ele aprendeu essas lições muito bem.
Nenhum outro rei passou por esse tipo de treinamento, e por isso nenhum outro rei chegou aos pés de Davi.
A formação de um rei segundo o coração de Deus
O trono costuma subir à cabeça das pessoas. O poder corrompe, como dizem, e o poder absoluto corrompe absolutamente. Ao longo da história, reis e rainhas ficaram famosos por mandar cortar cabeças por irritações momentâneas, e seu senso exagerado de grandeza foi muitas vezes desastroso. Mas Davi era diferente.
Observe este episódio descrito em 2 Samuel 16:
“Quando o rei Davi chegou a Baurim, apareceu dali um homem da família da casa de Saul — seu nome era Simei, filho de Gera. Ao sair, ele começou a amaldiçoar, e lançava pedras contra Davi e contra todos os servos do rei, mesmo estando todo o povo e todos os guerreiros à direita e à esquerda de Davi. Enquanto amaldiçoava, Simei dizia: “Saia daqui! Saia daí, homem sanguinário, miserável! O Senhor devolveu sobre você todo o sangue da casa de Saul, em lugar de quem você reinou. O Senhor entregou o reino nas mãos de seu filho Absalão. Veja só: o mal caiu sobre você, porque você é um homem de sangue!”
Então Abisai, filho de Zeruia, disse ao rei: “Por que este cão morto ousa amaldiçoar o meu senhor, o rei?
“Deixe-me ir até lá e tirar a cabeça dele!” Mas o rei respondeu: “Que tenho eu a ver com vocês, filhos de Zeruia? Se ele está amaldiçoando, é porque o Senhor lhe disse: ‘Amaldiçoe Davi.’ Quem pode questionar isso dizendo: ‘Por que você está fazendo isso?’” E Davi disse a Abisai e a todos os seus oficiais: (…) deixem-no em paz, que continue amaldiçoando, pois foi o Senhor quem lhe ordenou isso. Talvez o Senhor veja a minha aflição e me retribua com bem por essas maldições de hoje.”
Simei parecia um insensato, mas a reação de Davi é extraordinária. Como ele consegue permanecer tão calmo diante de um ataque tão direto à sua honra?
Porque ele havia aprendido duas verdades:
- A vontade de Deus é mais importante do que seu ego.
- Sua honra, valor e segurança estavam completamente guardados nas mãos de Deus.
Se Simei estivesse errado, Davi confiava que Deus resolveria a situação e o compensaria com bênção. Se Simei estivesse certo, Davi não queria se opor à vontade do Senhor. Em resumo, ele estava plenamente convencido de que Deus estava no controle — e, por isso, não precisava se preocupar. Sabia que Deus cuidava dele. Sua confiança era tão profunda que permaneceu em paz, mesmo enquanto aquele “cão morto” o amaldiçoava. Sua fé na justiça e na ação de Deus era tão grande que ele não via necessidade de tomar qualquer atitude. Não respondeu, não se defendeu — porque sabia que não podia perder.
Davi não encontrava sua segurança no título ou no poder, mas na bondade e na justiça de Deus. O Senhor havia se mostrado fiel repetidas vezes, e a confiança de Davi n’Ele era inabalável.
Nas situações mais desesperadoras, ele sabia exatamente a quem recorrer. Deus sempre havia sido seu socorro presente. Por isso, Davi agia com leveza, sem desespero. Sem vingança, sem espada desembainhada. O poder de Deus era sua primeira e melhor resposta.
Conclusão: Deus cumpre as promessas — mas geralmente nos faz esperar
Ao final do capítulo, Jesus confronta os fariseus: aqueles que admitem sua cegueira podem encontrar cura; aqueles que insistem que já veem permanecem no pecado.
O primeiro passo para um milagre é reconhecer a própria condição. Sem humildade, não há arrependimento.
Sem arrependimento, não há cura. Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.
Portanto, reflita: Quais áreas estão sendo influenciadas por paradigmas, ideologias ou crenças distorcidas? Quais áreas precisam de luz? Qual parte da caminhada espiritual estagnou?
Você foi chamada para viver na luz da Verdade absoluta de Cristo! Assim como o cego, cada pessoa é convidada a dar um passo em direção à luz. E quando o faz, Cristo se revela, transforma e conduz à verdadeira visão.