
Yom Kippur: O Dia de Nada Fazer
“O Senhor disse a Moisés: ‘O décimo dia deste sétimo mês é o Dia da Expiação. Realizem uma assembleia sagrada e humilhem-se, apresentando uma oferta de alimento ao Senhor. Nesse dia vocês não farão trabalho algum, porque é o Dia da Expiação, quando se fará expiação por vocês perante o Senhor, o seu Deus. Quem não se humilhar nesse dia será eliminado do seu povo. Eu destruirei do meio do povo quem nesse dia fizer qualquer trabalho. Vocês não farão trabalho algum. Este é um decreto perpétuo para as gerações vindouras, onde quer que morarem. Será um sábado de descanso para vocês, e vocês se humilharão. Desde o entardecer do nono dia do mês até o entardecer seguinte, vocês observarão o sábado.’” (Levítico 23:26-32)
O que é Yom Kippur?
Yom Kippur, também conhecido como o Dia da Expiação, é um dia de contemplação e reflexão, de jejum e oração, e é considerado o dia mais santo em Israel. Ele ocorre no décimo dia do sétimo mês, chamado Tishrei no calendário hebraico (normalmente caindo em setembro ou outubro no nosso calendário).
Este dia não é meramente uma tradição cultural ou nacional — esta festa foi prescrita pelo próprio Deus na Torá como parte das festas de Yahweh, uma série de santas convocações descritas em Levítico 23.
Diferentemente dos feriados criados pelos homens, as festas de Yahweh foram dadas ao povo de Israel como encontros divinos — tempos específicos para se encontrar com Deus, lembrar de Sua aliança e compreender Seu plano de redenção.
O Yom Kippur, em especial, foi instituído como um dia de arrependimento nacional, purificação e reconciliação. As festas de Yahweh também são proféticas e todas têm seu perfeito cumprimento em Yeshua, Jesus.
Mais do que apenas um ritual antigo, o Yom Kippur revela profundas verdades espirituais sobre a santidade de Deus, a seriedade do pecado e a necessidade de expiação — temas que continuam sendo profundamente relevantes até os dias de hoje.
Yom Kippur aponta para o Messias
Embora hoje o Yom Kippur seja bem diferente do Dia da Expiação prescrito ao antigo Israel, em ambos os casos é um dia em que a maioria das pessoas não faz praticamente nada. E esse é um ponto muito importante para compreender o valor desta festa.
Nesse dia, o Sumo Sacerdote entrava no Santo dos Santos (o único dia em que lhe era permitido entrar) para expiar os pecados de toda a comunidade de Israel, purificando a nação de todas as suas iniquidades (incluindo os pecados do próprio sacerdote), tornando-os justos diante de Deus ao sacrificar um cordeiro perfeito, cujo sangue serviria de expiação.
Isso te lembra algo? Com certeza lembra o sacrifício de Yeshua, capaz de nos purificar completamente de nossos pecados. E é exatamente sobre isso que trata o Yom Kippur.
Hoje, em Israel, Yom Kippur ainda é considerado o dia mais santo, um dia em que nada se faz, exceto jejuar, orar e se arrepender, esperando que o Senhor os perdoe e escreva seus nomes no Livro da Vida.
No entanto, já não há templo nem tabernáculo, tampouco um sumo sacerdote em Israel — o que aponta para a verdade de que não há mais necessidade disso, pois Yeshua, o perfeito Sumo Sacerdote, já expiou nossos pecados e nos salvou de nós mesmos.
A triste realidade é que a maioria dos judeus ainda não percebeu isso — ainda não.
Importantes lições que esta festa ensina
1. AS AÇÕES ESSENCIAIS DO SUMO SACERDOTE
“Arão porá as duas mãos sobre a cabeça do bode vivo e confessará sobre ele todas as iniquidades dos israelitas, todas as suas transgressões, todos os seus pecados, e os colocará sobre a cabeça do bode, que será enviado para o deserto aos cuidados de um homem designado para isso.” (Levítico 16:21)
Há 81 verbos usados para descrever o trabalho do Sumo Sacerdote de expiação neste capítulo. Notavelmente, há apenas quatro verbos dirigidos ao leitor. E esses quatro não contribuem em nada para a expiação — são apenas respostas ao que o sacerdote fez.
Ao observar isso, aprendemos uma verdade fundamental: NÃO HÁ NADA QUE POSSAMOS FAZER PARA EXPIAR NOSSOS PECADOS. Não há nada que possamos fazer para sermos salvos do nosso próprio pecado!
A purificação dos pecados é recebida pela fé — fé na obra perfeita do Sumo Sacerdote.
Hoje em Israel, muitos creem que suas boas ações são capazes de lhes dar perdão dos pecados e a vida eterna. Por isso, nesta festa, todos — até mesmo os judeus ateus — jejuam e vivem como “santos”, na esperança de que seu nome seja escrito no Livro da Vida.
A verdadeira mensagem desta festa, porém, não poderia estar mais distante dessa crença, pois ela revela que não podemos fazer nada para nos salvar, e nossas boas ações não são suficientes para cobrir a multidão de nossos pecados. Apenas o sangue, o sacrifício de um cordeiro perfeito, pode nos purificar.
Esta é a obra essencial do Sumo Sacerdote!
“Portanto, como crentes no Messias Yeshua, temos muitos motivos para nos alegrar, pois o nosso Sumo Sacerdote já nos purificou de todos os nossos pecados e nos deu ETERNA SALVAÇÃO.” (Hebreus 9:11-14)
2. ATENÇÃO: PROIBIDO TRABALHAR!
“Não façam trabalho algum nesse dia, porque é o Dia da Expiação, quando se fará expiação por vocês diante do Senhor, o seu Deus.” (Levítico 23:28)
Essa frase exata em hebraico (“vocês não farão trabalho algum”) aparece apenas sete vezes em toda a Bíblia Hebraica (Êxodo 12:16; Levítico 16:29; 23:3, 28, 31; Números 29:7; Jeremias 17:22), sendo seis delas na Torá. Destas, quatro se referem especificamente ao Dia da Expiação.
É muito interessante e extremamente encorajador perceber que, em dois dos dias mais significativos para a redenção no calendário — a Páscoa e o Yom Kippur — Deus ordenou ao povo de Israel que não fizesse absolutamente nenhum trabalho.
Isso nos ensina que não temos nada a acrescentar à nossa redenção da escravidão do pecado, nem à nossa expiação como povo de Deus. Só Deus pode realizar tal obra, através do Seu próprio sangue e do Seu amor infalível.
Somos ordenados a não trabalhar porque essas obras pertencem exclusivamente a Deus — e somente a Ele pertence toda a glória!
Nós somos convidados apenas a descansar em Sua obra e no que Ele já realizou na cruz. Esse é um dia em que somos convidados a permanecer em Sua presença, de forma ousada e confiante, adorando-O e contemplando-O, porque é isso que Ele sempre quis de nós.
Foi exatamente isso que Jesus restaurou quando morreu na cruz: INTIMIDADE COM DEUS.
(Gálatas 1:3-5; Efésios 2:8-9)
3. RESET: DE VOLTA AO INÍCIO
Durante o ano, o tabernáculo absorvia todos os pecados do povo por meio de sacrifício após sacrifício, dia após dia. Mas o Yom Kippur era como apertar o botão de reset — purificando o lugar de todos os pecados acumulados ao longo do ano e voltando a zero.
É chamado de “Shabbat shabbaton”; um sábado de descanso solene. Um “sábado dos sábados” — parecido com o Ano do Jubileu (sete ciclos de sete anos), quando tudo voltava ao dono original, de volta ao estado ideal.
Esse é o objetivo final de Deus ao enviar nosso Redentor, Yeshua: restaurar-nos a um relacionamento correto com Ele, como era no Jardim do Éden antes da Queda. (Zacarias 3:9)
E Deus fez exatamente isso, como prometeu. E devemos ser profundamente gratos porque Ele cumpriu Sua promessa de salvar-nos.
Em Yeshua, nossa vida foi reiniciada. Somos chamados a viver uma nova vida n’Ele, louvando-O e dando-Lhe glória todos os dias por tudo o que Ele fez por nós.
Portanto, vamos nos alegrar, celebrar, descansar em Sua obra e nos consagrar para os Seus propósitos — não apenas nesse dia especial, mas em todos os dias de nossas vidas. Porque o Cordeiro é digno de tudo isso, agora e para sempre.
Conclusão
LEMBRE-SE sempre: não há nada que possa fazer para salvar a si mesmo. Toda expiação e redenção só são possíveis pelo sangue de Yeshua, o perfeito Sumo Sacerdote. Ele já fez a obra completa e definitiva.
Portanto, este dia aponta para a verdade central do evangelho: descansar na obra consumada de Cristo e viver em intimidade com Deus todos os dias da nossa vida.
— Quer saber mais sobre Yom Kippur? Leia também este nosso outro post.